Quem nunca foi zoado ou zoou alguém na escola
ou na vida?
Apelidos humilhantes, risadinhas, fofocas,
enfim... Todo mundo já testemunhou, participou ou foi vítima de “brincadeiras”
desse tipo. Parece tão comum. Tão normal. Só que não!
Poderíamos definir “brincadeira” como uma
situação onde todos se divertem.
Quando uns se divertem e outros sofrem,
principalmente por ser o “motivo" da diversão, o que existe na verdade é
agressão. Situações onde existe a maldade e o desejo de diminuir o outro não
tem nada de inocente.
Bullying é uma palavra de origem inglesa (bully:
tirano ou valentão) usada para descrever atos de violência física ou
psicológica praticados repetidamente por uma pessoa ou grupo de indivíduos
contra outra, causando tensão, dor e angústia.
A adolescência é um momento de construção de
identidade, onde fazer parte do grupo, da tribo, tem uma grande importância na
construção da autoimagem do jovem.
Ao mesmo tempo vivemos em uma sociedade que
parece não lidar muito bem com as diferenças e a educação para a intolerância
com o diferente parece ser construída e adubada em casa mesmo.
Crianças e adolescentes que vivenciam os
exemplos da intolerância (por etnia, crença religiosa, aparência física,
orientação sexual, classe social, etc.) dentro de casa, mesmo que de forma
subjetiva, serão mais propensos no grupo a reagirem de forma negativa,
ofendendo, humilhando e isolando aqueles que apresentem características
“diferentes”.
Em tempos de redes sociais e grupinhos no What’s
App, a coisa tem piorado muito. O cyberbullying é uma realidade que não
dá para ignorar, multiplicando a dor e a humilhação das vítimas.
A vítima de bullying muitas vezes se cala (e
muitos expectadores também), sofrendo em silêncio. Falta entendimento e também canais
de acolhimento para as vítimas e também para os agressores. Discutir o tema em
casa e na escola é um caminho. Orientar as crianças e adolescentes sobre a
diferença entre uma gozação e o bullying também.
Sabemos que em grupo todo mundo é corajoso é
que, muitas vezes, o agressor (ou agressores) tem fortes sentimentos de
impotência e inadequação, o que faz com que agredir o outro seja uma forma de
lidar com a sua própria baixa estima.
Fazer o agressor se confrontar com seus reais
motivos é necessário e, para tanto, o aconselhamento psicológico para ele/eles
e familiares é essencial, principalmente porque adolescentes que praticam bullying
têm fortes propensões a desenvolverem comportamentos antissociais e/ou
violentos quando adultos.
Agora, a melhor prática antibullying é
investir em uma educação que contemple a diversidade e os valores humanos. E
quando falo em educação não estou falando tão somente no papel da escola (que é
transmitir conhecimento), mas principalmente na educação familiar que, infelizmente,
tem sido “terceirizada”.
Independente da classe social, o que se vê
hoje em dia são pais declinando de seus papeis de educadores em favor da
escola, dando a elas uma função que na realidade elas não têm: educar seus
próprios filhos.
Irene Carmo Pimenta é Psicoterapeuta,
Analista Junguiana, Pesquisadora e Palestrante na área de psicologia e espiritualidade. Para saber mais sobre o seu
trabalho visite o site: www.oficinadeconsciencia.com.br